sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Ano Internacional da Astronomia

 
   Roma, quarta-feira, 22 de janeiro de 1633, um dia que se tornaria obscuro oara a ciência. Por ordem da Santa Inquisição, um homem com 70 anos de idade e longas barbas brancas é conduzido até a entrada da igreja de Santa Maria Sopra Minerva. Ele agora se encontra entre as paredes retas do antigo templo de Ísis, com portas pesadas de madeira.
   Como pôde o papa Urbano VIII (1568-1633) mudar tão radicalmente e se calar diante da supertição e tamanha injustiça?
   Nosso personagem, Tranformado em réu, está quase cego. Que ano havia sido para ele o de 1610: imagens do Sol, da Lua, dos planetas... cálculos, esquemas, experimentos... O aprimoramento do telescópio e a descoberta, com aquele instrumento, das luas de Júpiter.
   Com saúde fragilizada, é conduzido até a presença de sete cardeais inquisidores. Diante daquelas figuras, pronuncia a confissão que irá lhe conceder mais alguns anos de vida:

Eu, Galilei Galileu, filho de Vicenzo Galilei,
juro que sempre acreditei em tudo o que crê,
prega e ensina a Santa Igreja Católica Apostólica.
Fui julgado por heresia por ter acreditado e denfendido
que o Sol está no centro do universo e não se move,
e que a Terra não é o centro, e se move.
e que a Terra não é o centro, e se move.
Com sinceridade e verdadeira fé, amaldiçoo e abomino
os meus erros e heresias, juro que nunca mais direi
e afirmarei semelhantes coisa.

   Vaticano, 1997. O papa João Paulo II (1920-2005) assina o perdão a Galileu Galilei, reconhecendo oficialmente suas descobertas. Agora, é a Igreja que se rende à figura vitoriosa do sábio italiano: "A ciência pode purificar a Religião do erro e da supertição." Palavras de João Paulo II. Que mudança!
   Galileu Galilei (1564-1642) foi pioneiro do uso científico do telescópio e um dos fundadores da ciência experimental. Para comemorar os 400 anos de suas observações e descobertas astronômicas com o telescópio, 2009 foi denominado Ano Internacional da Astronomia pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
   Neste quase quatro séculos desde a condenação de Galileu pela Inquisição, nossa visão do universo mudou profundamente; hoje, sabemos que existem bilhões de galáxias, cada uma contendo bilhões de estrelas, e a Terra não é mais  do que um pequeno grão perdido em um cantinho da
Via Láctea. Descobrimos nebulosas, quasares, pulsares, buracos negros, explosões de raios gama, partículas energéticas vindas do cosmo. Estrelas nascem, crescem e morrem e renacem...
   A exemplo do Ano Mundial da Física, em 2005, Ciência Hoje publicou, em 2009 e no primeiro trimestre de 2010, um conjunto de artigos para comemorar o Ano Internacional da Astronomia. Esse conjunto de artigos, que versam sobre as fronteiras do conhecimento nesse volume. Escrito por vários especialistas brasileiros, nele o leitor se surpreenderá com a diversidade de temas, com o conhecimento mais atual que temos sobre o universo e, o mais importante, com seus mistérios.
 
Ivan S. Oliveira
Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (RJ),
Ministério da Ciência e Tecnologia

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